quarta-feira, 31 de julho de 2013

Nota aos leitores

Nobre Leitor da Revista Encontro Literário,

     Nestes 2 anos e 6 meses de atividades, eu, como editor fundador da Revista, tive o prazer de postar dezenas de textos, no intuito de compartilhar o conhecimento que, muitas vezes, ficam restritos ou hierarquizados. Além disso, tive a honra de participar e estimular a produção de textos (contos e poesias), com o objetivo de ensejar um espaço para autores novos ou aqueles mais experimentados. Porém, infelizmente, devido a compromissos profissionais e acadêmicos, já não estou mais conseguindo me dedicar como gostaria a outras atividades extras, como a da Revista. Assim, comunico meu desligamento, temporário, da Encontro Literário e deixo a "bola" com os amigos e editores da Revista Paulo Tostes e Ailton Augusto, os quais tenho a certeza que farão de tudo para continuar as atividades da Revista com qualidade.

     Por fim, também quero comunicar que realizamos uma reunião no final do mês de julho (eu, Ailton e Paulo), na qual ficou definida a paralisação temporária da Revista, para realização de um balanço do que foi construído até o momento, reestruturação da equipe e novas ações para dinamizar os trabalhos, bem como sua inserção nas redes sociais. Isso tudo para trazer a melhor informação de forma democrática !

Obrigado pela participação.

Abraços,

Raphael Reis

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Uma tentativa de abordar uma questão complexa

Uma tentativa de abordar uma questão complexa

A única ciência que dará conta de analisar os acontecimentos atuais no Brasil, de forma mais satisfatória será a História, devido sua especificidade em relação ao tempo. Mas, para aqueles que estão vivenciando os acontecimentos há uma tendência, um esforço de fazer uma análise que consiga dar uma sistematização ao pensamento e às ações humanas, a fim de entender a realidade objetiva. Contudo, os referenciais das ciências humanas para fundamentar as análises produzidas até o momento não foram suficientes para compreender ou explicar o que está em cursus , portanto, esse texto é também uma tentativa fracassada em si.

Não pretendo levantar as perguntas repetidas à exaustão, cujas respostas ainda não temos. Tampouco quero detalhar que os conceitos usuais no campo político, tais como, esquerda, direita, partido, agenda política, negociação, classe social, organização, meios de comunicação, etc., não estão funcionando, a priori, como conceitos explicativos. Então, o que me cabe? Partir de premissas, que podem ou não serem validadas.

1 Grupos sociais (noção que aqui uso é de que a sociedade está dentro do indivíduo) estão indo às ruas, com um desejo que estava latente, isto é, expressando suas reivindicações de grupo numa coletividade de diversos grupos.

Se a premissa 1 é verdadeira, para se entender o que está acontecendo, é preciso separar as reivindicações e relacioná-las aos grupos sociais e a quais frações de classe pertencem. Além disso, é muito sábio saber que “povo” não é o povo que muitas vezes se pretende personificar e defender.

2 Os grupos se juntaram, para expressar suas reivindicações específicas, numa ilusão de que assim elas poderão ser mais facilmente atendidas, devido à visibilidade e à "união", forjada, de todos e de tudo. O meio para tal foi mais importante do que algo que talvez os una. Portanto, essas manifestações têm uma característica singular que é reunir demandas variadas num mesmo espaço reivindicatório (ruas), através de um novo espaço público (redes sociais), logo tudo isso muito difuso.

Se a premissa 2 é verdadeira, entende-se a dificuldade de negociar, pois negociar o quê, com quem e com quais grupos?

3 Se não for um modismo, ficará no ar um risco iminente, pois as maneiras tradicionais de se organizar e de se representar estão perdendo poder simbólico.

Se a premissa 3 é verdadeira, haverá uma intensificação das lutas e, por conseguinte, o campo político sofrerá modificações significativas e imprevisíveis.

4 Visto a especificidade da premissa 1 e o caráter “futurológico” da 3, não adiantará atender a uma demanda específica, pois não são pessoas ou um grupo reivindicando, e sim grupos, em suas diversas complexidades.

Como saída para o labirinto posto, caso a premissa 3 seja verdadeira, ou teremos um recrudescimento do governo ou aperfeiçoamento do jogo democrático - o meio termo não será aceito ou exequível, até mesmo porque não está em discussão a superação do sistema.

5 Por último, uma premissa que não é minha e que, tampouco, é referente ao nosso contexto, mas pode funcionar como tal. Gramsci (Caderno do Cárcere, v.3, pp. 262-263) faz a seguinte reflexão: “que uma multidão de pessoas dominadas pelos interesses imediatos ou tomadas pela paixão suscitadas pelas impressões momentâneas, transmitidas acriticamente de boca em boca, unifica-se na decisão coletiva pior, que corresponde aos mais baixos instintos bestiais".

Se a premissa 3 for total o parcialmente inválida e a premissa 5 válida, haverá uma despolitização perigosa, revelada em ações que degradam o patrimônio público, que violentam direitos conquistados e que esquecem o cursus de lutas históricas. Pior, que coisas complexas sejam tratadas ainda mais de maneira superficial, festeira.

Raphael Reis
Juiz de Fora, 22 de junho de 2013

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Uma nova agenda para as políticas públicas do livro e leitura no Brasil: o surgimeno do PNLL


UMA NOVA AGENDA PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS DO LIVRO E LEITURA NO
BRASIL: O PLANO NACIONAL DO LIVRO E LEITURA (PNLL)

Raphael de Oliveira Reis
Resumo: A realidade do livro e da leitura no Brasil está numa situação nada satisfatória. A última pesquisa

divulgada pelo Instituto Pró-Ler (Retratos da Leitura, 2012) aponta que o Brasil continua com um baixo índice de leitura, totalizando 4,1 livros por habitante/ano entre os entrevistados, sendo 2,1 inteiros e 2,0 em partes (IPL, Retratos da Leitura, 2012, p. 71). Esse índice, bem como outros resultados da pesquisa mostram as dificuldades de se construir um país de leitores, que encontra obstáculos históricos, socioeconômicos e educacionais. Dessa forma, o presente artigo pretende fazer uma breve contextualização do leitor, livro e leitura no Brasil e, principalmente, mostrar como o livro e a leitura ganharam espaço numa nova agenda de políticas públicas na área cultural e educacional, especificamente, no século XXI, com a proposta de consolidar uma política de Estado para o Livro e a Leitura com o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), em 2006. Assim, vamos fazer considerações sobre PNLL, o qual está estruturado em 4 eixos, a saber: 1º) democratização do acesso; 2º) fomento à leitura e à formação de mediadores; 3º) valorização da cultura e comunicação; e 4º) desenvolvimento da economia do livro. A fim de fazer uma breve contextualização do leitor, livro e leitura no Brasil, bem como a construção de um público leitor, vamos dialogar principalmente com Lindoso (2004) e com a pesquisa Retratos da Leitura de 2012, realizada pelo Instituto Pró-Ler. Para fazer considerações sobre o PNLL, estabelecemos um diálogo mais profícuo com Neto (2010), além de usarmos reflexões teóricas, tais como, Chauí (2008), Giddens (2001) e Bresser-Pereira (1995), com a finalidade de discutirmos a concepção de Estado que permeia o PNLL e a relação entre Estado e Cultura.

Palavras-Chave: Políticas Públicas do livro e leitura; Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL); Estado e Cultura.

domingo, 5 de maio de 2013

Seminário União e Indústria está com as inscrições abertas

união

Seminário União e Indústria está com as inscrições abertas

Estão abertas as inscrições para o seminário União e Indústria: uma Estrada Para o Futuro - Legado e Possibilidades, que ocorre nos dias 10 e 11 de maio, sexta e sábado (veja a programação). O evento é realizado pelo Museu Mariano Procópio e os interessados devem se inscrever, gratuitamente, pelo telefone (32) 3690-2027, de segunda a sexta-feira, no horário das 8h às 12h e das 14h às 18h. A programação integra às atividades científicas da exposição União e Indústria: uma Estrada Para o Futuro, que está sendo promovida até 18 de maio, no Espaço Cultural dos Correios, na rua Marechal Deodoro 470, Centro.

As inscrições devem ser realizadas separadamente para cada dia de seminário, sendo que, no dia 11, será feita uma visita mediada à exposição, com o curador Pedro Vasques. Para esta atividade estão sendo disponibilizadas 20 vagas. O público-alvo do seminário são estudantes e profissionais de museologia, história, turismo, artes, arquitetura, educação, fotografia e áreas afins. O evento tem como objetivo estimular reflexões, debates e possibilidades do patrimônio material e imaterial legado pela estrada inaugurada em 23 de junho de 1861, ligando Petrópolis a Juiz de Fora.

A programação do seminário, além da visita especial à exposição, conta com três conferências, que serão ministradas no dia 10 de maio, a partir das 14h, no auditório do Banco do Brasil, na rua Halfeld 770, Centro. Estas atividades ficam a cargo dos especialistas Mário Chagas, da Unirio e do Museu da República; Cláudia Storino, do Sítio Burle Marx/Ibram; Maurício Vicente Ferreira Júnior, diretor do Museu Imperial de Petrópolis, RJ; Maraliz de Castro Vieira Christo e Afonso Rodrigues, da Universidade Federal de Juiz de Fora; e Patrícia Falco Genovez, Universidade do Vale do Rio Doce.

Fonte: http://www.acessa.com/cultura/arquivo/noticias/2013/05/04-seminario-uniao-e-industria-esta-com-as-inscricoes-abertas/. Acesso em: 05 de maio de 2013.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Resultado do Concurso Literário do Edital 05/2013 - Gênero Conto

Prezados leitores,


é com prazer que trazemos ao conhecimento do público os textos escolhidos no certame do Edital 05/2013 organizado pela Revista Encontro Literário. Como estava previsto no edital, foram selecionados 03 (três) contos para serem publicados na página da revista. Esses textos serão exibidos em postagens separadas, logo abaixo desta. Estão dispostos em ordem alfabética segundo seus títulos, ou seja, a ordem em que são apresentados não corresponde a uma classificação.


Agradecemos a todos os participantes e aos leitores da Revista. Esperamos que vocês possam continuar participando dos nossos editais, além de acompanhar as postagens que são feitas mensalmente por nossos editores.


Informamos aos autores dos textos selecionados que o envio dos certificados de Menção Honrosa e do livro indicado no edital como premiação será feito até o dia 30/06/2013.


Relação de Contos Selecionados

Becos, de Teresa Margarida Pedrosa Cardoso
O mundo de Macbeth, de Stefane Soares Pereira
O quadro, de Ana Luiza Drummond

Conto selecionado no Edital 05/2013: "Becos"

Becos

por Teresa Margarida Pedrosa Cardoso *

Um homem caminhava pelo deserto há longos dias. Seguia de joelhos, parecendo empenhado como um pagador de promessas. Seguia concentrado na paisagem que lhe surgia à frente. Imutável. Reveladora de uma eternidade sufocadora. Seguia indiferente ao que deixava para trás, ao que o ladeava. E, porque deveria ser diferente? Afinal, o homem era um mero peão num cenário de quase-vácuo, pontuado por ornamentos supérfluos que se repetiam e reciclavam. Era um peão manipulado por um desejo forte de salvamento instantâneo, o que quer que fosse que isso significasse: vida ou morte. O homem aspirava somente a uma resolução milagrosa que o libertasse da sensação de encurralamento. Porque, apesar de se estender à sua frente uma infindável imensidão, havia muito que perdera a bússola. Havia muito que suspeitava andar em círculo; havia muito que suspeitava ter pisado vezes incontáveis as mesmas areias. Estava desorientado, e a única força que o mantinha em movimento era uma crença. A crença de que desistir de caminhar só o afastaria da concretização do milagre que o haveria de libertar.

Entretanto, a sua pele travava batalhas épicas contra insectos famintos e furiosos. Em breve, a aridez do clima faria surgir espinhos à sua superfície e, acabaria por mimetizar um cacto. E, se não encontrasse a saída, o homem e o ambiente não tardariam a fundir e a confundir-se. Porque o deserto parecia um predador, movido por um ávido desejo de engolir o homem. Era aquele silêncio que ensurdecia; era aquele calor que inabilitava o raciocínio astuto; era aquele ar denso que sufocava; era aquele vento que, por vezes, o esbofeteava com punhados de areia.

Em momentos de cansaço, lágrimas misturavam-se com sangue e medo com raiva. A sua mente ameaçava tornar-se numa arca caótica, onde a fantasia tomaria o lugar da realidade, a ânsia de uma solução imediata e a força para a procurar seriam substituídas por cobardia e fraqueza. Deixar-se abandonar, secar, morder era uma ideia recorrente, e demasiado apetecível em ensejos de desgraça. Perseverar tornou-se um gradiente crescente de flagelos. Mexer-se tornou-se uma odisseia amarga. Pensar tornou-se uma tortura. Via a vida segmentada como se a visionasse numa película de filme mudo, entre demorados piscar-de-olhos, e projectada sobre um fundo negro e enfermo. Naquelas ocasiões, parecia-lhe que o passado e o presente se enquadravam mutuamente. Num ápice, chegou ao topo da escala da auto-comiseração e ergueu a bandeira do desespero. E, veio-lhe do fundo do seu coração esquartejado, uma necessidade imperiosa de desembaraçar o mundo de si, de expurgá-lo de qualquer prova da sua existência. Se ao menos o seu coração fosse uma sombra, um vulto diáfano…

Até que…se deparou com um oásis. Foi uma réstia de água, foi a sombra fragmentada de uma palmeira mas, foi sobretudo o consolo da novidade na paisagem que lhe deu um novo impulso, que lhe ressuscitou a esperança, quase morta, num destino sensato e profícuo. E, foi então que decidiu jamais voltar a duvidar, a hesitar, a congeminar uma desistência. Ao contrário, restabeleceu-se e reergueu o seu corpo. Gritos oriundos das profundezas do seu âmago retaliaram a morte outrora anunciada. O calor da areia quente sob os pés incitou-o a correr, a saltar, a voar. Uma antiga bênção celta escapou-lhe por entre os lábios: «Que a estrada se erga para te encontrar, que o vento esteja sempre nas tuas costas, que o sol brilhe quente na tua face, que a chuva caia suavemente no teu campo, e até te encontrar de novo, que Deus te guarde na palma da Sua mão.»

E, um dia, depois de muitos dias iguais, recheados da mesma areia, do vento derrubador, de insectos sanguinários e de securas letais, encontrou a porta do mundo. Foi uma descoberta tão inesperada, que o homem se sentiu inábil e ignóbil. Sentiu-se frágil e hesitante. E, se a porta escondesse pesadelos maiores? Não, não! «Jamais voltar a duvidar, a hesitar, a congeminar uma desistência.» foram as palavras que instantaneamente assaltaram o seu cérebro confuso, tornando explícito o seu dever. Abriu a porta. Maravilhado com o cenário que se espraiava diante dos seus olhos, deu um passo. E, porque não se apercebeu do buraco profundo que o separava do cenário encantatório que o cegava, caiu.

------------
Teresa Margarida Pedrosa Cardoso tem 33 anos. Nasceu e vive em Portugal. Licenciada em Biologia e doutora em Bioquímica, trabalha como professora universitária. Apesar de possuir um conjunto de textos em poesia e prosa escritos, publica somente trabalhos de caráter científico. Antes da participação na Revista Encontro Literário, apenas em uma ocasião havia publicado um dos seus trabalhos de índole literária. Isto aconteceu no âmbito de uma ação promovida por um agente cultural com o objetivo de aproximar a poesia dos habitantes da sua cidade. 

Conto selecionado no Edital 05/2013: "O mundo de Macbeth"

O mundo de Macbeth

por  Stefane Soares Pereira *

Dizem que a partir de uma era denominada moderna a humanidade passou a ter consciência das barbaridades que tencionaram na vida do outro. Retomaram as tragédias gregas e as esboçaram em arte, em beleza e encantamento. O saber humanista expandiu-se também para as leis e os bárbaros subiram ao palco grego e dançaram em alegria amistosa e aspiraram à liberdade.
E muita fé religiosa e não religiosa conspirou em corações ansiosos de esperança. E essa crença persistiu em meio a artigos e pronunciamentos políticos. Até que um dia pedi que as estrelas escondessem suas chamas, e que não deixasse sua luz irradiar em meus desejos sombrios e profundos.
Era eu o presidente da Comissão dos Direitos Humanos e da Cidadania. Eu que um dia me encontrava em meio a papeis e jornais e livros que a elite jogava fora. Eu que não tinha nada comecei a lê-los e imaginar que um dia eu também estaria no jornal, eu também faria diferença no mundo. Fiz vestibular e cheguei onde queria. Nunca senti medo da minha natureza. Alçar grandes voos era o meu destino.
Casei-me e estava feliz. Ganhava muito bem, trabalha três dias da semana e amava as férias na Europa. Mas não algo me dizia que mudanças deveriam acontecer. Como uma profecia as forças do mal já prediziam, desde minha infância, minha indignidade.
Com alta idade testava os sentimentos psicopatas abusando das garotinhas lindas que estavam da puberdade, assim como das mães das mães das mães e também dos garotinhos de classe média que amam voltar tarde para casa. Procura uma explicação freudiana para além do mal. Todavia, não encontrei. Então quando virei gente resolvi fingir que era uma pessoa comum. Até que me cansei.
E então quando eu atingi a agulha da torre eu resolvi expor todo o meu veneno. Ultrapassar constituições e afirmar meus ideais publicamente. Minha aversão aos negros, aos homossexuais e, claro, também as mulheres, embora eu as amasse como minhas servas. Sempre as escolhi para poder manipulá-las e afirmar minha masculinidade.
A humilhação me alimenta. Negar as férias dos empregados, o repouso, o lazer, colocar criança para trabalhar, se for escurinha então que sustento! Punir meu próprio filho porque ele espancou um pedinte? Jamais! Há pessoas que não tem direito à vida. A legislação faz essa imposição porque sabe que não funciona na prática. E quem fomenta o cumprimento desses direitos acaba perdendo, a vida.
O capitalismo se institui e permanece não porque as pessoas querem ser solidárias. Se o fossem seríamos comunistas! Por isso sou homem das leis, assim como muitos são homens da vida, os quais podem decidir o quanto de despesas a sociedade deve produzir e o quanto de lucro deve gerar para seus usufrutos.
A cobiça nos nutre e para isso devemos nos silenciar quando somos beneficiados, silenciar quando o outro é injustiçado e sorrir para todo o todo, afinal, cada um vive por si. Assim, cheguei ao auge, mas logo o mundo me mostrou que a soberania não me pertencia, ela não me é suprema; quando os pequenos me mostraram que mesmo agindo a meu favor ininterruptamente um dia eu mesmo encontraria o meu inferno dantesco. E antes desse artifício minha esposa me trapaceou, prendendo-me em uma ilha sombria, perseguidora e tenebrosa. 

--------------
* Stefane Soares Pereira, vive em Juiz de Fora. É mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e Doutoranda da mesma instituição.